terça-feira, 2 de novembro de 2010

Enem prioriza conhecimento no lugar da decoreba

Alguém que saiba de cor os nomes de todos os 206 ossos do corpo humano é uma pessoa inteligente? Para muitos educadores modernos, o máximo que se pode dizer desse indivíduo é que ele possui uma boa memória. Mas não significa, necessariamente, que ele tenha conhecimento. Desde que escolas brasileiras passaram a adotar metodologias de ensino como o construtivismo, a memorização deixou de ter importância. Essas também tem sido a linha mestra das provas do Enem. Afinal, o exame não enfatiza em suas questões a necessidade de memorizar fórmulas, datas e nomes.

Em outras palavras: é o fim da decoreba, isto é, estudar apenas memorizando, sem necessidade de compreender o conteúdo do que está sendo ensinado. “Quando o aluno estuda dessa forma, ele decora, pode até tirar 10, mas depois de um mês ele não lembra mais do que decorou, porque as informações não tinham um significado para ele”, explica a psicopedagoga Jaidenise Azevedo.
A professora Júlia Vergeti, que leciona história, chama atenção para as consequências de o aprendizado basear-se apenas em decorar pura e simplesmente o conteúdo das disciplinas. “Decoreba é cruel, porque o estudante só reproduz o que leu e não cria nada”, combate a educadora. “Não temos mais espaço para isso no mundo atual, onde há tanta informação disponível, mas que é necessário selecioná-la, analisá-la de forma crítica e até verificar a sua veracidade”, rechaça.
Pedagogos esclarecem que o grande problema da decoreba é que nós não aprendemos apenas arquivando ou lembrando. “Aprendemos por outros processos, até por meios afetivos”, ensina Carlos Eduardo Ferreira Monteiro, professor de psicologia e orientação educacionais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Para Liliane Maria Carvalho, professora do Departamento de Administração Escolar e planejamento da UFPE, decorar é um artifício que não é aprendizagem, porque através dele o aluno “não constrói o conhecimento”. “Ele não se engaja como sujeito, não interpreta nem compreende o conteúdo ensinado. Na decoreba o aluno é passivo”, resume a professora.
Um exemplo de como os estudantes podem ser mais participativos foi dado pelo Colégio Santa Maria. Eles estudaram na aula de biologia como se prevenir da gripe H1N1 e nas aulas de química produziram no laboratório do colégio o álcool em gel para higienizar as mãos. “Em vez de decorarem a fórmula do álcool, os estudantes fabricaram a substância”, explica Rosa Amélia Muniz, coordenadora pedagógica do colégio. “É uma forma de trazer o conhecimento para a realidade deles”, conclui.
Ver mais: http://jc.uol.com.br/canal/vestibular/noticia/2010/10/06/enem-prioriza-conhecimento-no-lugar-da-decoreba-238976.php

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